Subida ao Monte Everest, Primeiro Dia

Era 18 de fevereiro, 7h30min de uma manhã fria e o sol despertava no alto das montanhas do Himalaia quando sai da tranquila Pokhara e segui de ônibus em direção a Kathmandu, a capital do Nepal, percorremos apenas 200 km e levamos mais de sete horas para chegarmos à capital devido às terríveis condições da rodovia, cheias de buracos, curvas sem fim, penhascos e mais penhascos. O governo se preocupa mais em conter a erosão do que construir estradas, e os terraços estão por todos os lugares para garantir o plantio, parece um anfiteatro. Degrau por degrau, adubam e plantam tudo manualmente ou com a ajuda dos animais, é impossível usar maquinário nestas gigantes montanhas.

Meu guia Kul Das Tamang

Na chegada em Kathmandu estava a minha espera o guia Kul Das Tamang, um dos proprietários da agencia www.amazingauthentictreks.com, que de imediato ajudou-me com a mochila, pegamos um triciclo, que faz o serviço de táxi, e seguimos até sua agencia. Ali negociamos os seus serviços ao qual paguei U$ 1.150 dólares, incluindo transfer ao aeroporto, o voo até o Aeroporto de Lukla, hospedagem em guest house, três refeições diárias acompanhadas por café ou chá e o acompanhamento de seus serviços como guia acompanhante.

Kul analisou minha mochila e separou algumas peças como a calça especial para caminhadas, uma jaqueta, uma malha, manta e goro de lã, três camisetas, três cuecas, uma calça tipo abrigo, par de chinelos, toalha de banho, e o saco térmico de dormir.  Atravessamos a rua e fomos comprar outros itens que faltavam, comprei um par de luvas, meias especiais, um par de bastões, cantil e comprimidos com cloro para tratar a água potável que iria consumir na caminhada. Além disso, levei baterias para a máquina fotográfica, meu diário, caneta, sabonete, xampu, creme de mãos anti bactérias, vaselina para os pés, protetor labial, bloqueador solar, lanterna e chocolates. O recomendado é que sua mochila tenha no Máximo 10% do seu peso.
Depois de organizada a mochila para a caminhada, deixei a mochila na agencia do Kul e fui ao hotel, tomei um banho de água fria, pois não tinha energia, fui comer uma pizza e tomei um capuchino, postei fotos na facebook e me despedi dos amigos virtuais e de minha família, informando que estaria ausente por 15 dias, sem acesso a internet, e que estaria a caminho do Monte Everest, e fui dormir.

Check In para Lukla

Acordei cansado, pois tinha dormido pouco, pois o hotel era sujo, tinha barulho de um motor e o medo de não acordar. Cinco da manhã sai do hotel, atravessei a rua e subi os degraus que conduziam até a agencia do Kul. Com a mochila reduzida seguimos de táxi até ao aeroporto, fizemos o check in e ficamos esperando até a liberação do voo. Os vôos só acontecem na parte da manhã devido as condições do vento e visibilidade. Ali ficamos esperando e do nada ouvi o idioma português, eram três brasileiros que viajam juntos há vários meses, como é bom ouvir e poder falar o seu idioma depois de dias tentando falar o inglês.
       
O avião da Companhia Agni Air é bimotor, com capacidade para 17 passageiros, dois pilotos e uma comissária de bordo vestindo seu traje que identifica o povo Sherpa, povo que vive no norte do Nepal na região do Everest. Os pilotos devem ser Sherpas, pois devem conhecer muito bem as montanhas e o clima do local. Levantamos voo do precário aeroporto de Kathmandu e subimos as montanhas, parecia que íamos bater no pico das montanhas, pois ele passa bem perto e de imediato tem o vácuo para a próxima montanha, A sombra do avião aumentava e diminuía no solo, fomos a 11.500 pés de altura e em determinados pontos estávamos somente a 400 pés do solo, sensações de medo e adrenalina misturavam com a alegria proporcionada pelos brasileiros, que riam de tudo e um deles gritou, “esta merda vai cair” e seguia dando gargalhadas.

Nosso embarque rumo a Lukla

Por uns quarenta minutos fomos cruzando montanha por montanha, ao longe avistamos o pico do gigante Everest, meu sonho estava a vista. A emoção aumentou quando avistamos o Aeroporto de Lukla, considerado o mais perigoso do mundo por estar no platô da montanha a 2.800 metros acima do mar, a pista tem apenas 460 metros de cumprimento por 20 m de largura, tem inclinação de uns 12% e no final da pista encontra-se o paredão rochoso da montanha, que há dois anos um avião não conseguiu frear a tempo e explodiu sem deixar sobreviventes, a maioria composta por alemães. Lembrei dos pousos dos porta aviões, porem aqui a margem de erro é zero, arremessar é impossível. Aos que querem chegar ao Everest sem ser via este aeroporto a opção dois é chegar a pé, que deve levar pelo menos uma semana.
Pista do Aeroporto de Lukla, notem a inclinação
 
Ufa, depois da primeira emoção do dia, seguimos junto com os brasileiros Mario, Marcelo e Rogério e fomos tomar o café da manhã, vimos outros pousos no inclinado aeroporto e na sequencia começamos a caminhada pelas trilhas, seguimos por quatro horas passando por vilarejos, mani stones ou pedras com mantras budistas escritos pelos monges e que você deve sempre passar pelo lado direito, mesmo que seja o caminho mais difícil, homens mulas passavam com 40 a 50 kg em suas costas, além de burros e búfalos carregando botijões de gás, galões de combustíveis, sacos de cereais, alimentos, tabuas, etc. Almoçamos em Phakding um pequeno vilarejo a 2.682 metros de altitude, os brasileiros seguiram a frente pois só tinham quatro dias para conhecerem a região, não iriam até o Everest e nós ficamos ali hospedados e começando a aclimatização que deve ser lenta.

Mantra Budista O guia passou algumas recomendações e que eu ficasse atento para os sintomas do Mal da Montanha, que se não for cuidado pode levar a óbito com edema cerebral ou pulmonar. Ele explicou que mesmo cansado e sonolento que eu não dormisse durante o dia, além de evitar bebidas alcoólicas, cigarros e procurar não fazer exercícios forçados. Os principais sintomas do Mal da Montanha são fortes dores de cabeça, principalmente na testa e na parte superior, falta de apetite, náuseas seguidas de vômitos, confusão mental, problemas de memória, tonturas e a ponta dos dedos ficarem brancas.

Segui as recomendações e ali fiquei relaxando ao sol até a hora do jantar, troquei algumas palavras com um nativo de nome Dashain, procurei tomar bastante água e chá de gergelim e limão, a hidratação é fundamental e o corpo aos poucos vai se aclimatizando e criando uma maior quantidade de glóbulos vermelhos conforme aumentar a subida. Durante o jantar ao nosso lado um casal de Coreanos que estavam com calafrios e dores de cabeça, comiam sem vontade e do nada começaram a vomitar. O guia comentou que estavam com os sintomas do Mal da Montanha. Após o jantar, tomei banho e fui dormir, pelo vidro da janela avistava a enorme quantidade de estrelas.

Namastê!  O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você.

Obrigado por me acompanhar nesta aventura ao Everest e por compartilhar com seus amigos.

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Mauro César Noskowski

Brazil